Como prometido a última parte sobre mini horta em casa. Nesta segunda parte iremos falar sobre como cultivar e cuidar de uma mini horta em casa. Segue as dicas logo abaixo.
Pode ser na laje, na varanda da frente, no beco, ou suspenso
na parede, desde que tenha luz solar. A criação da mini horta depende da
criatividade, planejamento e espaço. Ele pode ser feito de varias maneiras,
dentre elas em vasos, camas elevadas, mini horta vertical, essas são umas das
ideias para ter uma horta em casa. Veja o passo a passo para se cultivar uma
mini horta em casa.
Como cultivar: 5 passos importantes
É vital seguir alguns cuidados para que o cultivo tenha
sucesso do plantio à colheita, confira:
1. Iluminação
Pequenos espaços podem render ótimas hortas, mas para que as
plantas tenham um bom desenvolvimento é preciso observar a iluminação do local.
“Para o cultivo de hortaliças precisamos de, no mínimo, cinco horas de luz do
sol direta por dia, pode ser no período da manhã ou da tarde. Não coloque na
sombra ou luz indireta”, aconselha Caroline Reyes, agrônoma da Embrapa
Hortaliças (Brasília/DF).
Sendo assim, observe bem os cantos disponíveis e escolha o
mais arejado e iluminado – se a incidência for de sol da manhã, melhor ainda! A
luz do sol é indispensável para que a planta sobreviva, então jamais opte por
locais escuros e não conte com a ajuda de iluminação artificial.
Vale lembrar também que a incidência de luz pode mudar e a
horta precisa acompanhar a claridade. “Para hortas dentro de casa que em geral
estão em vasos, atenção para a mudança da incidência do sol ao longo do ano. Se
necessário, mude-as de lugar”, ressalta Renata Rodrigues Bonazzi.
2. Irrigação
A irrigação é uma parte importante no cultivo de uma horta e
o modo como essa atividade é realizada pode fazer toda a diferença no
desenvolvimento das hortaliças. A recomendação de Caroline é para tomar cuidado
com o excesso de água, que pode causar o apodrecimento das raízes. Para evitar
o acúmulo, o ideal é optar por vasos com furos no fundo. Ainda assim, cuide
para que você coloque uma quantidade moderada de água.
“Deve-se irrigar os vasinhos sem deixar escorrer água
embaixo. A água em excesso causa a lixiviação do solo, ou seja, lava o solo,
levando os nutrientes embora. O ideal é irrigar de modo que nunca escorra
água”, ensina a agrônoma.
Mas, então, qual a quantidade ideal de água? Acertar a
quantidade e a frequência das irrigações vai depender muito das espécies
plantadas e do local da sua horta – hortas em vasos tendem a secar mais rápido
que em canteiros, por exemplo.
“Difícil dizer quanto e quando irrigar. Varia de planta para
planta, de clima para clima. Em geral, sugerimos regas diárias ou a cada dois
dias. De preferência, no início da manhã ou fim da tarde quando não há
incidência de sol sobre a horta”, indica Renata.
Para verificar a necessidade de água, é importante observar
o aspecto da planta, atentando-se para folhas amareladas, secas ou caídas, que
podem ser sinais de falta de água. Outro método de verificação é inserir o dedo
ou um palito no solo: se ao retirar o palito ou o dedo eles estiverem úmidos ou
com terra grudada, o solo ainda está molhado; caso contrário, é hora de fazer
uma nova rega.
Na hora de regar, a dica de Renata é direcionar a água com
proximidade da raiz e evitar jogá-la “por cima”, de modo que a água não entre
em contato com as folhas. “Isto pode evitar que alguma doença que já esteja nas
folhas prolifere para o resto da planta”, explica.
3. Preparação do solo
A preparação do solo é um passo importante para seguir antes
de dar início ao plantio dos vegetais. É preciso garantir que o solo da horta
seja rico em nutrientes e matéria orgânica para que as plantas cresçam com
saúde e resultem em hortaliças de qualidade.
Há formas diferentes de preparar o solo com uma boa
quantidade de nutrientes, existindo, inclusive, alternativas de terras já
preparadas que podem ser compradas em lojas especializadas. Quem deseja fazer a
preparação em casa pode adotar uma das receitas indicadas pelas especialistas.
A agrônoma da Embrapa Caroline Reyes indica uma mistura que
leva quatro tipos de ingredientes: 50 litros de terra, 100 gramas de cal
hidratada, adubo orgânico (17 litros de esterco de galinha ou 34 litros de
esterco de gado) e adubo químico (200 gramas de NPK 4-14-8 ou 100 gramas de NPK
4-30-16).
Já a indicação de Renata Rodrigues Bonazzi, do Horta Zen, é
um composto de três partes: 1/3 de terra preta, 1/3 de um mineral chamado
vermiculita e 1/3 de matéria orgânica, que pode ser esterco de aves, húmus de
minhoca ou outros compostos.
Outro ponto a ser observado é em relação à leveza e drenagem
do solo. “A leveza e a drenagem são importantes para que o solo não fique
compactado e as raízes possam fluir e se desenvolver por todo o espaço que têm.
Estas características também contribuem para um solo não encharcado que podem
levar ao apodrecimento das raízes e ao desenvolvimento de fungos”, esclarece
Renata.
4. Adubação
Manter o solo da horta rico em nutrientes através da
adubação vai ajudar a formar plantas mais bonitas, viçosas e bem desenvolvidas.
“As hortaliças são muito exigentes em nutrição, por isso,
além do solo previamente preparado, depois que as plantinhas estiverem
crescendo é necessário fazer adubações complementares a cada 15 dias”, pontua
Caroline. Além desse cuidado, Renata recomenda que a cada colheita, o solo seja
adubado antes de receber o plantio de um novo vegetal.
As adubações podem ser feitas com compostos orgânicos,
esterco de galinha ou gado, húmus, sulfato de amônio ou adubos químicos.
Lembre-se que quanto maior a variedade de adubos orgânicos utilizados, melhor
para a saúde – sua e das plantas!
5. Colheita
O tempo para colher um vegetal varia muito de acordo com a
espécie de planta e pode ser influenciado pela época do ano, pela qualidade do
solo, nutrientes, irrigação, eventuais pragas ou doenças e demais cuidados no
cultivo. É comum que os pacotes de sementes venham com a previsão de colheita
indicada na embalagem, mas este não deve ser um fator limitante em uma horta
caseira.
“A planta não precisa estar no seu desenvolvimento máximo
para iniciar a colheita. Você pode colher antes”, aponta Renata. Segundo a
especialista, colher antes do desenvolvimento máximo pode proporcionar algumas
vantagens, como o incentivo para que a planta cresça mais e a liberação de
espaço para o desenvolvimento das plantas vizinhas, além de maior rapidez de
consumo.
Até mesmo as pequenas hortas caseiras estão sujeitas a
pragas. Felizmente, como as proporções são menores, também torna-se mais fácil
controlar o problema e manter as plantas saudáveis sem grandes transtornos.
“As pragas em hortas caseiras podem ser combatidas de
maneira simples, manualmente ou utilizando sabão neutro, detergente de louça
e/ou extratos de pimenta ou alho. Não utilize nenhum produto inseticida
industrial do tipo spray sobre as plantas, pois pode resultar em intoxicação”,
pontua Caroline.
Evitar o uso de venenos industrializados e agrotóxicos é uma
regra de ouro: esse tipo de produto pode prejudicar tanto a saúde das plantas
quanto a sua. Além disso, vale prestar atenção na dica da remoção manual de
folhas contaminadas e bichos, que é um método simples, não agressivo e
eficiente.
“Primeiro tente a catação manual de folhas e bichos, se não
forem muitos. Se não for possível, pesquisar pragas e doenças que costumam
atacar aquela planta e como combatê-las com inseticidas naturais”, indica
Renata.
Que podem ajudar no combate às pragas em hortas caseiras.
1. Inseticida de alho
1 cabeça de alho;
cravo da índia;
2 copos de água.
Bata todos os ingredientes no liquidificador até formar uma
mistura homogênea e deixe-a descansar por um dia. Depois, adicione à mistura
três litros de água e mexa bem. O inseticida pode ser borrifado nas folhas das
plantas.
2. Inseticida de óleo
vegetal
5 ml de óleo de algodão ou soja;
0,5 ml de detergente neutro;
água.
Em um recipiente com capacidade de 1L misture o óleo
vegetal, o detergente e complete com água. Borrife a mistura nas folhas, brotos
e frutos. Prefira fazer a aplicação ao final da tarde, quando a temperatura
estiver mais amena.
3. Inseticida de
coentro
200g de folhas de coentro;
1L de água.
Bata os ingredientes no liquidificador e borrife o líquido
nas folhas das plantas.
4. Inseticida de
pimenta
6 a 10 pimentas;
água.
Bata as pimentas no liquidificador com dois copos d’água por
dois minutos. Deixe o composto descansar por uma noite e, no dia seguinte,
filtre-o e misture com mais um copo d’água. O líquido pode ser borrifado nas
folhas.
5. Inseticida de
folhas de nim
250g de folhas de nim;
água.
Bata as folhas no liquidificador com dois litros de água e
deixe a mistura descansar por 12 horas, em local escuro. Depois, filtre o
extrato e acrescente mais 18 litros de água. Aplique nas folhas. O inseticida
pode ser conservado por três dias.
5 Aspectos Importantes
para Considerar
Além das indicações de cultivos e observações das
necessidades de cada espécie de planta, algumas dicas gerais podem ajudar a
melhorar ainda mais a qualidade e o desenvolvimento da sua horta caseira.
Confira alguns pontos que devem ser levados em consideração:
1. Atenção ao comprar terra preparada
Comprar terra preparada em lojas especializadas pode ser uma
ótima alternativa para garantir um solo adequado ao crescimento das plantas da
sua horta, uma vez que esse tipo de produto já vem pronto com os nutrientes
necessários. Porém, não esqueça de verificar a embalagem e as recomendações de
uso antes de começar a plantar!
“Atente-se para que, no rótulo do saco de terra, esteja
escrito que ela se destina ao cultivo de hortas/hortaliças. Não utilizar terra
preparada para floricultura/jardim, pois não é adubada adequadamente e o
desenvolvimento das hortaliças será prejudicado”, alerta Caroline.
2. Aposte na rotatividade de variedades
Acabou de colher cenouras na sua horta? Então, aproveite o
mesmo espaço para plantar outro tipo de vegetal! Segundo Renata, fazer essa
rotatividade de espécies sempre que possível após as colheitas é importante
“para que minimize a possibilidade de escassez de algum nutriente do solo”.
3. Confira a qualidade de mudas e sementes
Antes de plantar sementes ou mudas, é importante verificar a
qualidade e a saúde. Ana Paula recomenda que sejam escolhidas “boas mudas e
sementes orgânicas, sem defensivos e fertilizantes sintéticos”. Se for plantar
mudas, sempre verifique o estado da planta, conferindo se está saudável, para
não correr o risco de já começar o cultivo com um pé contaminado.
4. Cuidado com ervas daninhas
Procure observar constantemente se a horta está limpa, sem a
presença de plantas e ervas desconhecidas. O crescimento de ervas daninhas pode
atrapalhar o desenvolvimento das hortaliças plantadas, que passarão a disputar
espaço, nutrientes e água com as intrusas.
“Arranque sempre matinhos desconhecidos que vão nascendo
espontaneamente. São ervas que chegam sem ser convidadas para consumir o
nutriente do solo. Pode arrancar!”, reforça Ana Paula.
5. Monte a horta próxima a você
Prefira instalar a sua horta em um cantinho da casa com o
qual você tenha bastante contato para que ela fique sempre visível, se possível
– ou seja, se as condições de luz e ventilação forem adequadas. “Desta forma,
cuidará mais, desfrutará mais acompanhando o crescimento da planta e acabará
colhendo mais por ter mais cuidados com esta horta”, aponta Renata.
Montar um prato colorido é uma arma poderosa para quem busca
uma alimentação saudável: as substâncias que dão cores às plantas podem ser
também substâncias essenciais à saúde do nosso organismo. Pensar nisso pode dar
uma boa ideia de que hortaliças selecionar para a sua horta.
Verde: colabora
para a saúde da pele, ossos, visão, sistema imunológico e nervoso, além de
auxiliar na digestão, na redução do colesterol e na prevenção de doenças
cardiovasculares e alguns tipos de câncer. Exemplos: couve, alface, brócolis,
espinafre, pimentão, agrião.
Amarelo e laranja: ajuda
a manter saudável a pele, a visão, o sistema sexual e imunológico, combatendo
ainda doenças cardíacas e alguns tipos de câncer. Exemplos: cenoura, pimentão,
abóbora.
Vermelho: combate
o colesterol e doenças cardiovasculares, atua na prevenção de câncer de
próstata, mama e estômago, colabora para a saúde da pele, dos vasos sanguíneos
e da gengiva, fortalece o sistema imunológico e ajuda na formação de colágeno.
Exemplos: morango, tomate, pimenta, melancia.
Branco: anti-inflamatório,
combate a alergias, fortalecimento do sistema imunológico e circulação.
Exemplos: cebola, aipo, couve-flor, alho.
Roxo: auxilia
na prevenção de câncer e doenças cardíacas, além de serem ótimas para a memória
e para o sistema digestivo. Exemplos: beterraba, repolho roxo, berinjela,
alcachofra.
Vale ressaltar que é possível começar uma horta mesmo em
casas pequenas e apartamentos – tudo o que você precisa é de um cantinho que
receba algumas horas de luz natural e investimento de tempo para cuidar das
plantas. Anote as dicas e comece a usufruir dos benefícios de ter uma horta
caseira!
Texto de: Karina Azevedo
Fonte: Site Dicas de Mulher
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