A Casa do Rio Vermelho foi a última residência dos escritores Jorge Amado e sua companheira Zélia Gattai. A Casa é um memorial riquíssimo sobre a vida e a obra desse admirável casal, que levou a literatura da Bahia para o mundo.
Reformada e reaberta em 2024, A Casa do Rio Vermelho foi comprada em 1960, com dinheiro da
venda dos direitos do livro “Gabriela, Cravo e Canela”, de Jorge Amado, para a
MGM. Mais tarde, a casa se transformou no título do livro de Zélia Gattai
publicado em 2002, contando a história vivida pelo casal quando residiu no
imóvel. A casa, comprada em 1960, logo
se tornou um ponto de encontro de artistas, intelectuais e ativistas políticos.
No local, os escritores receberam visitas ilustres, como
Glauber Rocha, Pablo Neruda, Tom Jobim, Dorival Caymmi, Roman Polanski, Jack
Nicholson, Sartre e Simone de Beauvoir, só para citar alguns. Toda essa riqueza
é contada nos diversos ambientes da casa, com seus mais de dois mil metros
quadrados, incluindo o jardim onde as cinzas de Jorge e Zélia estão
depositadas.
Foi lá também que Jorge Amado escreveu diversos livros,
entre eles “Dona Flor e Seus Dois Maridos” e “Quincas Berro D’Água”. Já Zélia,
escreveu “Casa do Rio Vermelho”, que conta a história do casal quando viveu
ali.
Sobre a Casa
A Casa do Rio Vermelho conta com mais de 30 horas de vídeos
e projeções. Ou seja, é impossível conhecer toda a história do imóvel e do
casal de escritores em apenas uma visita. Para tornar mais didática a
experiência de mergulhar na intimidade de Jorge Amado e Zélia Gattai, a casa
foi dividida em vários espaços, mantendo sempre as características originais, o
rico acervo e documentos importantes, como cartas trocadas com personalidades
nacionais e internacionais, que podem ser lidas e apreciadas pelos visitantes.
Os ambientes foram batizados de “A Bahia de Jorge Amado”, “A amizade é o sal da
vida”, “A infância/Memórias de Dona Lalú”, “Os viajantes”, “Varanda”, “Amores e
amantes amadianos”, “Zélia Gattai, companheira graças a Deus”, “Trocando
cartas/O comunista”, “Sala de leituras”, “Muita vida, tantas obras”, “Os amados
sabores de Jorge”, “Cozinha de Dona Flor”, “Lago dos Sapos”, “Roda de
conversa”, e “Jorge e o Candomblé”.
Ambientes da Casa
O quarto onde dormiam Jorge Amado e Zélia Gattai, espaço
chamado de “Amores e amantes amadianos”, agora está visualmente povoado por
personagens marcantes como Gabriela e Nacib, ilustrados em obras de artistas,
como Calazans Neto, Carybé e Floriano Teixeira. O visitante pode ainda ouvir
narrações de trechos das obras que revelam como o amor e o sexo eram
importantes para Jorge Amado. Boa parte da inspiração de Jorge Amado veio das
histórias contadas pela mãe, Dona Lalú, quando era criança. Essa relação está
retratada no espaço “A infância/Memórias de Dona Lalú”. Nesse cantinho, há uma
maquete da cidade de Ilhéus, onde o escritor, nascido no distrito de Ferradas,
em Itabuna, viveu por muito tempo, e uma escultura de Jorge Amado com um ano de
idade ao lado da matriarca. Já onde antes havia uma piscina está o “Lago dos
sapos”, uma espécie de ranário, com sapos e rãs que tanto fascinavam o
escritor, e a exibição da novela sonora baseada na obra infantil de Jorge Amado
chamada “O gato malhado e a andorinha Sinhá”.
No jardim, lugar mágico da casa, está o espaço “Jorge e o
Candomblé”, que ressalta a relação entre o Obá (posto civil que exercia no Ilê
Axé Apô Afonjá) Jorge Amado e o Candomblé, com um depoimento inédito de Mãe
Stella abordando a amizade com o escritor e fundamentos sobre a religião de
matriz africana. No mesmo espaço, o visitante pode interagir virtualmente com
Carlinhos Brown utilizando instrumentos típicos dos rituais do Candomblé. Vale
lembrar que Jorge Amado, quando deputado constituinte, em 1945, foi autor da
lei que assegura o direito à liberdade de culto religioso no Brasil.
Leituras e sabores
“Não escrevi meu primeiro livro pensando em ficar famoso.
Escrevi pela necessidade de expressar o que sentia”, disse uma vez Jorge Amado,
que publicou o primeiro romance – “O país do Carnaval” – em 1931, com apenas 19
anos de idade. Após a morte, em 6 de agosto de 2001, quatro dias antes de
completar 89, o mais famoso escritor brasileiro deixou 45 livros publicados,
segundo a Fundação Casa de Jorge Amado. Grande parte dessas obras teve trechos
lidos e gravados por artistas e familiares que podem ser vistos na residência da
Rua Alagoinhas. No total, são 47 leituras em vídeo. Elas podem ser vistas no
espaço “Sala das leituras”, ao lado da biblioteca, em uma tela de cinema. Entre
as pessoas que fizeram leituras de trechos das obras de Jorge Amado estão nomes
como Caetano Veloso, Regina Casé, Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Sônia Braga,
Mariana Ximenez, Marisa Orth, Mateus Solano, Paloma Amado, Milton Gonçalves e
Paulinho da Viola. “Nessas leituras fica evidente a atemporalidade de Jorge
Amado, um escritor à frente do seu tempo e que era popular porque sempre
retratou o povo”, afirmou Gringo Cardia.
Dois espaços são reservados à gastronomia na vida e no
trabalho de Jorge Amado e Zélia Gattai: “Os amados sabores de Jorge” e “Cozinha
de Dona Flor”. A quituteira Dadá ensina algumas das receitas de delícias que
marcaram presenças em livros como “Dona Flor e seus dois maridos”, como a
punheta (bolinho de estudante), vatapá, caruru e acarajé. Esses dois espaços
foram carinhosamente preparados por Paloma Amado, filha do casal de escritores
e autora do livro “A comida baiana de Jorge Amado”, reunindo receitas e
histórias de pratos típicos que aparecem nas obras do pai.
A casa já se tomou uma referência turística. Realizando o
desejo do escritor de que se transformasse num centro vivo e atuante.
Jorge e Zélia viveram na casa por 40 anos, tempo em que
colecionaram muitas obras de arte, que seguem expostas pelas diversas paredes
do imóvel.
A visitação é acompanhada por guias capacitados, que se
dividem pelos cômodos da casa, orientando e passando informações aos
visitantes.
Informações gerais
Casa do Rio Vermelho
Endereço: R. Alagoinhas, 33 – Rio Vermelho, Salvador – BA,
41940-620
Funcionamento: de terça a domingo, das 09h às 17h. Entrada
até às 16h.
Toda quarta-feira a entrada é gratuita.
Ingressos: R$ 20 (inteira) / R$ 10 (meia).
Moradores da cidade de Salvador tem direito a meia entrada,
basta levar o comprovante de residência.
Contato: (71) 99626-1036 ou (71) 3104-4659
Instagram: @casadoriovermelho
Fonte: Salvador da Bahia, O que fazer em salvador

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